Com novas ordens de evacuação, Gaza enfrenta maior deslocamento desde outubro

Com novas ordens de evacuação, Gaza enfrenta maior deslocamento desde outubro


Os trabalhadores humanitários da ONU emitiram um novo alerta na quinta-feira sobre a possibilidade de reduzir as entregas de alimentos a Gaza. O Programa Alimentar Mundial, PAM, explicou que as novas ordens de evacuação dos militares israelitas levaram aos maiores deslocamentos desde Outubro.

Além da preocupação com os deslocados, o PAM alertou que a entrega de rações alimentares tornou-se ainda mais difícil do que já era. Nas redes sociais, o órgão afirma que muitos pontos de distribuição tiveram que ser fechados e apenas algumas padarias permanecem em funcionamento.

Seguindo as ordens de realocação israelenses, os palestinos levam tantos pertences quanto podem para se mudarem para um novo local.

Refeições quentes

O PAM afirma que precisa urgentemente de mais entregas de alimentos e da capacidade de fornecer refeições quentes, uma vez que a acção militar israelita força os pontos de distribuição de alimentos em Gaza a fechar e a realocar-se.

Segundo o órgão, a redução de parcelas na Cidade de Gaza foi uma medida para garantir uma cobertura mais ampla às pessoas que foram deslocadas recentemente.

O PMA afirma que, para resolver a escassez de bens básicos, foram fornecidas rações para garantir que todas as cozinhas tenham suprimentos suficientes para durar pelo menos uma semana.

No entanto, de acordo com a agência, a menos que mais produtos sejam recebidos, os parceiros de refeições quentes esgotarão os estoques em poucos dias.”

Bloqueios humanitários

Na quarta-feira, o Gabinete de Assuntos Humanitários da ONU, Ocha, informou que os militares israelitas tinham impedido todas as missões de ajuda de irem para o norte de Wadi Gaza, o vale que separa o enclave em dois.

Ocha explica que é por isso que os trabalhadores humanitários não conseguiram chegar a nenhuma das “centenas de milhares de pessoas necessitadas”, além de lhes impossibilitar a recolha de mantimentos no ponto de entrada norte de Erez West, a passagem fronteiriça entre o norte Gaza e Israel, também conhecido como Beit Lahiya.

O Gabinete de Assistência Humanitária da ONU, Ocha, também registou vários relatos de actividade militar ao longo da estrada militar israelita que separa o norte e o sul de Gaza.

Cerca de 450 pessoas atravessaram a cidade de Gaza, no norte, para a província de Deir al Balah, 14 quilómetros mais a sul, só na quarta-feira, em comparação com pouco mais de mil em toda a semana passada.

Alguns dos recém-chegados disseram aos trabalhadores humanitários que as tropas israelitas dispararam contra as pessoas que tentavam atravessar, forçando algumas a regressar. Ocha também compartilhou relatos de pessoas ao sul de Wadi Gaza “sendo baleadas enquanto esperavam que seus parentes cruzassem para Deir al Balah”.

Escassez de alimentos

A agência da ONU disse que até 14 de julho, 11 das 18 padarias permaneciam operacionais em Gaza, prestando apoio a vários milhares de famílias todos os dias: sete em Deir al Balah, duas na cidade de Gaza e duas no norte de Gaza.

O PAM afirmou que precisa de fornecer mais combustível para padarias e outros serviços e que os produtos básicos estão disponíveis nos mercados do sul e centro de Gaza. O problema é a falta de acesso para muitas pessoas, pois a escassez de produtos comerciais significa que os alimentos são vendidos a preços inacessíveis.

Em Julho, o PMA informou ter trabalhado com 80 cozinhas comunitárias no centro e sul de Gaza e na Cidade de Gaza para distribuir refeições quentes em Khan Younis, Deir El Balah, Cidade de Gaza e Rafah, atingindo quase 185 mil pessoas no total.

Contudo, em Junho, o PAM distribuiu uma média de 400.000 refeições por dia no centro e sul de Gaza, bem como na Cidade de Gaza. Este mês, o PAM entregou mais de mil camiões transportando pelo menos 7.600 toneladas métricas de produtos alimentares e não alimentares para Gaza através da passagem de Erez Ocidental, no extremo norte.

Cisjordânia e Líbano

Entretanto, na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, o OCHA informou que entre 7 de outubro de 2023 e 15 de julho de 2024, 554 palestinos foram mortos, além de outros dois que perderam a vida após ferimentos sofridos antes do período.

O total inclui 539 mortos pelas forças israelitas, 10 pelos ocupantes dos colonatos israelitas e mais sete onde não está claro se as forças israelitas ou os ocupantes dos colonatos foram os responsáveis.

Durante o mesmo período, 14 israelitas foram mortos por palestinianos na Cisjordânia, incluindo nove membros das forças israelitas e cinco colonos.

Em Israel, os ataques perpetrados por palestinos da Cisjordânia custaram a vida de oito israelenses e quatro palestinos envolvidos nos ataques, observou o escritório.

Além disso, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, condenou um ataque aéreo no Líbano esta terça-feira. A escalada da violência na zona fronteiriça entre o Líbano e o norte de Israel deixou três crianças mortas enquanto brincavam na rua.

Na sua rede social, a agência afirmou que as crianças devem ser protegidas pelo direito humanitário internacional e destacou que mais jovens estarão em risco enquanto a violência continuar.



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