Os burundeses Gervais-Lazar Nduwayo e Niyonzima Magnifique têm uma história semelhante de acolhimento de cidadãos que deixaram a sua terra natal devido a conflitos. Em Moçambique, vivem como refugiados.
Niyonzima Magnifique chegou ao país há 25 anos com um filho no ventre. Hoje, mãe de três filhos, ela diz que sonha em adquirir a nacionalidade do país anfitrião através da sua experiência, das suas amizades e da garantia de segurança.
Do campo para a cidade
Magnifique relembra os primeiros anos do reassentamento da zona de Bobole, distrito de Marracuene, na província de Maputo.
“Foi um desafio. Era uma época em que não falávamos português. Também estávamos habituados a viver noutro local e a comida era difícil de comer e de saborear. Foi um desafio. Foi bom viver lá. Depois , quando o campo fechou, mudamos para a cidade.”
O ACNUR estima que Moçambique acolhe cerca de 25 mil refugiados e requerentes de asilo. A maioria vive em áreas urbanas e rurais, lado a lado com a comunidade anfitriã.
Encerramento do assentamento
Gervais-Lazar Nduwayo, casado e pai de cinco filhos, também do Burundi, chegou a Moçambique em 2000 e juntou-se a outros cidadãos abrigados em Bobole.
Com o encerramento do assentamento, Nduwayo permaneceu em Marracuene e optou pela agricultura para proporcionar rendimento e subsistência à família.
Exercendo a actividade numa área com cerca de 1 hectare, Nduwayo alimenta a família e vende produtos como beringela, couve, batata doce, pimentão e banana ao comércio local.
“Escolhi este trabalho na machamba (horta) porque não tenho trabalho como refugiado. Como comer? Tenho de trabalhar. Apenas perguntar não funciona. Fazendo esse trabalho consegui levar as crianças para estudar. O ACNUR e o Inar ajudaram porque eu não estava recebendo o dinheiro. Em 2022 e neste 2023 não tenho nada para colher.”
Fórum Global de Refugiados
Em entrevista à ONU News, em Maputo, a vice-representante para a Protecção no ACNUR, Anne Triboulet, elogiou os esforços do Governo de Moçambique na procura de uma solução para os refugiados.
O representante do ACNUR saudou o compromisso mais recente assumido por Moçambique no Fórum Global para Refugiados em Dezembro de 2023, reafirmando a vontade de apoiar os refugiados na procura de soluções de longo prazo e no aumento da resiliência.
Ela prometeu apoio contínuo ao Governo de Moçambique e aos próprios refugiados nestes esforços.
Moçambique acolhe refugiados há décadas, proporcionando oportunidades de acesso a escolas e outros serviços essenciais. O objetivo é permitir que as famílias se sustentem e promovam uma contribuição positiva para o país anfitrião.
O país tem actualmente um campo de assentamento de refugiados que acolhe cerca de 8.000 pessoas na província de Nampula, no norte do país.
De Maputo à ONU News, Ouri Pota
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