Pimenta chama bolsonaristas de ‘covardes’ e é criticado por investigações

O ministro da Secretaria Extraordinária de Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta, participou da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara nesta terça-feira (6/11) e entrou em discussões com parlamentares de Bolsonaro sobre a ação do governo Lula governo (PT) na crise que atingiu a população gaúcha.

Pimenta afirmou que o deputado Marcos Pollon (PL-MS) é um “covarde”, mencionou a prática de “craques” ao debater com o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e disse que já foi vítima de notícias fraudulentas divulgadas por mulheres deputadas Bia Kicis (PL-DF) e Carla Zambelli (PL-SP).

O ministro foi intimado a esclarecer por que pediu à Polícia Federal a abertura de inquérito para apurar a distribuição de notícias falsas sobre a atuação do governo federal na crise no RS.

O ministro citou medidas do governo federal para reconstruir o estado e foi acusado pela oposição. Deputados ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) citaram as menções a Pimenta na premiada colaboração da Odebrecht. O ministro afirmou que não tem convicções e que leva uma vida limpa.

Logo no início, o responsável pelo convite, deputado Paulo Bilynskyj (PL-PR), atacou o ministro e questionou o fato de ele ter viajado de helicóptero para o Rio Grande do Sul em uma de suas viagens ao estado. O deputado entregou uma conta de R$ 160 mil para o ministro pagar, que seria o custo da viagem.

Pimenta disse que utilizou a aeronave de acordo com os parâmetros legais. O parlamentar rebateu e disse que o ministro tem “uma moral de esgoto”.

“Ele [Pimenta] de alguma forma insinuou que meu relacionamento com minha esposa é violento. Isso, ministro, é para você aprender o que são notícias falsas, o que é falso e mentira”, disse Bilynskyj.

Em 2020, Bilynskyj deu entrada em um hospital no estado de São Paulo após ser baleado pela modelo Priscila Delgado de Bairros, que era sua namorada. Segundo a Polícia Civil, Priscila tentou matar Bilynskyj por ciúmes e depois cometeu suicídio.

O ministro foi acusado de ter afirmado que quem espalha notícias falsas em meio à crise no RS deveria ser tratado como traidor.

Na ocasião, afirmou que as mentiras “contra nós” deveriam ser combatidas. “Quando eu disse ‘contra nós’ não fui contra o governo, fui contra o povo gaúcho. Quem faz isso no momento mais agudo da crise tem que ser tratado como quinto colunista”, disse Pimenta , em referência a grupos clandestinos em tempos de guerra.

O ministro listou conteúdos da internet que foram retirados do ar por decisão judicial. “O que faz um indivíduo, na hora de salvar vidas, se dedicar a produzir mentiras, desinformação e fake news?”

Eduardo Bolsonaro, por sua vez, criticou o pedido de Pimenta para que a PF investigasse notícias falsas ligadas à atuação do governo federal na crise gaúcha.

No início da crise, Pimenta enviou uma carta ao ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, pedindo que fossem tomadas “medidas cabíveis” em relação à investigação de atos ilícitos ou de possíveis crimes relacionados com a divulgação de desinformação.

A representação do ministro apresentou postagens feitas na internet com casos de informações que buscavam, segundo ele, tirar a credibilidade das entidades envolvidas nas ações de combate às enchentes no Rio Grande do Sul.

O deputado Eduardo Bolsonaro foi citado por ter reproduzido nas redes sociais reportagem da Folha de S.Paulo sobre o envio da Força Nacional ao RS pela União quatro dias após o início da crise.

A carta lista conteúdos que afirmam que o governo federal não estaria ajudando a população e diz que “a propagação de falsidades pode reduzir a confiança da população na capacidade de resposta do Estado”.

No item 6, ele cita uma publicação de Eduardo Bolsonaro com imagem criada com foto de Lula e reportagem da Folha de S.Paulo.

“Eduardo Bolsonaro criticou o auxílio do Governo Federal ao Rio Grande do Sul, mencionando que o governo demorou 4 (quatro) dias para enviar reforços para a região. (Interações: 4,8 mil | Assinantes: 2,8 milhões)”, diz o ofício.

O filho do ex-presidente questionou Pimenta sobre a menção à Folha de S.Paulo, mas Pimenta não comentou esse caso específico.