22/11/2024 – 18:09
Mário Agra/Câmara dos Deputados
Ana Pimentel: “DAo contrário da depressão pós-parto, o esgotamento pode ocorrer em qualquer idade da criança”
A Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 5063/23, que estabelece uma política de apoio e prevenção ao cansaço mental ou esgotamento relacionado à maternidade – definido como a síndrome do esgotamento físico e emocional pelo acúmulo de demandas, cobranças e responsabilidades decorrentes da maternidade.
Por meio do Programa de Apoio à Maternidade sem Esgotamento Mental e Burnout do Sistema Único de Saúde (SUS), será garantido o acesso gratuito a consultas com profissionais de saúde mental para gestantes e mães com crianças e adolescentes.
Além disso, o programa garantirá acesso a grupos de apoio à maternidade em Unidades Básicas de Saúde, onde as mães poderão compartilhar experiências e receber orientações de profissionais qualificados.
Entre outros pontos, a política prevê ainda a formação de profissionais de saúde para lidar com o problema e a promoção de campanhas de sensibilização sobre os riscos de fadiga mental ou esgotamento materno, a importância do autocuidado e a divisão de tarefas dentro da família.
Implementação
De acordo com o projeto, o Ministério da Mulher, em conjunto com os órgãos competentes, será responsável pela implementação e regulamentação do Programa de Apoio à Maternidade sem Esgotamento Mental e Burnout, estabelecendo os prazos, critérios e recursos necessários à sua implementação. Devem ser planejadas ações integradas entre órgãos de saúde, assistência social e educação.
Autora do texto, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) afirma que a proposta “visa garantir às mulheres, no exercício da maternidade, meios para que possam cuidar de si e dos filhos, sem comprometer a sua saúde física, mental, bem como suas atividades laborais, educacionais e outras que integram a vida social”.
Opinião
O parecer da relatora, deputada Ana Pimentel (PT-MG), foi favorável ao projeto. Ela destaca que o esgotamento materno é um grave problema físico, psicológico e estrutural que, diferentemente da depressão pós-parto, pode ocorrer em qualquer idade da criança.
Ela lembra que a maioria das mães no Brasil pertence a classes sociais de baixo poder aquisitivo e capital educacional, vivendo nas periferias das grandes cidades. “Não contando com a ajuda dos companheiros ou das famílias, muitos deles enfrentam grandes dificuldades para criar os filhos pequenos sozinhos”, afirmou. “Além disso, cansados, nervosos e sempre preocupados, ainda precisam conciliar a atividade profissional remunerada com o cuidado de um filho pequeno, o que não é nada fácil”, acrescenta.
Próximas etapas
A proposta será analisada em caráter conclusivo pelas comissões de Saúde; Seguridade Social, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família; Finanças e Fiscalidade; e Constituição e Justiça e Cidadania.
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