BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta segunda-feira (25) que o estado de sítio foi estudado no final de seu governo, mas negou que tenha liderou a trama de um golpe de estado.
“Golpe de Estado é coisa séria. (…) Todas as Forças Armadas têm que estar envolvidas, senão não haverá golpe. Ninguém vai dar golpe com um general da reserva e meia dúzia de outros oficiais. O que estão dizendo é um absurdo”, disse Bolsonaro na área de desembarque do aeroporto de Brasília.
“Da minha parte, nunca houve discussão sobre golpe. Se alguém chegasse e me pedisse golpe, eu diria, ok, ok, o ‘dia seguinte’? E no dia seguinte, como é? Como é o mundo como antes de nós. (…) A palavra golpe nunca esteve no meu dicionário.”
Na semana passada, a PF indiciou 37 pessoas, incluindo Bolsonaro, pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado e organização criminosa, cujas penas variam de 12 a 28 anos de prisão, sem contar os agravantes . .
Investigadores apontam quem teria se envolvido nas diversas frentes golpistas de 2022, incluindo ataques ao sistema eleitoral e discussões sobre um projeto de decreto para anular o resultado das eleições.
A PF ainda investiga o documento denominado “Planejamento – Punhal Verde Amarelo”, que teria sido elaborado pelo brigadeiro-general reformado Mário Fernandes, ex-número 2 da Secretaria-Geral da Presidência da República. O plano incluiria a possibilidade de matar o presidente eleito Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
Segundo as investigações, Fernandes imprimiu a planta no dia 9 de novembro de 2022 no Palácio do Planalto. Cerca de 40 minutos depois, ele teria ido ao Palácio do Alvorada, residência oficial da Presidência então ocupada por Bolsonaro.
Bolsonaro não comentou vários pontos específicos da investigação, até porque foram convocados políticos e apoiadores aliados, dificultando a consulta ao ex-presidente.
Ao negar a trama golpista, disse que foram estudadas todas as medidas “dentro das quatro linhas” e da Constituição, inclusive uma medida extrema, o estado de sítio.
A Constituição inclui dois estados possíveis para casos de ruptura da ordem social e estabelecimento de guerras ou conflitos, sejam eles internos ou externos: o estado de defesa, como mencionado no projeto que tinha como alvo o TSE, e o estado de sítio mais amplo.
O estado de defesa é um dos instrumentos previstos na Constituição Federal capaz de ampliar os poderes do chefe do Executivo, mas, segundo especialistas, seria inconstitucional no caso citado por Bolsonaro porque representaria interferência indevida de Executivo na Justiça Eleitoral.
O estado de sítio é o instrumento capaz de restringir ainda mais as liberdades individuais, só deve ser utilizado em caso de declaração de guerra, resposta a possíveis ataques de outros países ou instabilidades extremas, que não possam ser resolvidas com o estado de defesa.
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Na entrevista desta segunda-feira, Bolsonaro voltou a criticar o ministro Alexandre de Moraes, afirmando que “a mesma pessoa faz tudo e, no final, vota para condenar quem quer que seja”.
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