Boulos sobre Venezuela: ‘É um regime ditatorial, não é democrático’

Boulos sobre Venezuela: ‘É um regime ditatorial, não é democrático’



FOLHAPRESS – O candidato Guilherme Boulos (PSOL) admitiu nesta quinta-feira (26/9) que a Venezuela “é um regime ditatorial”, em seu discurso mais incisivo até o momento sobre o país do ditador Nicolás Maduro, e prometeu que, caso seja eleito prefeito de São Paulo, não haverá greve dos ônibus porque ele negociará com a categoria.

“Um regime que persegue o adversário, que faz eleições sem transparência, para mim não é democrático, ponto final”, disse Boulos no noticiário SP1 da TV Globo. Questionado pelo apresentador Alan Severiano se “é uma ditadura”, o deputado federal respondeu: “Claro que é um regime ditatorial”.

Boulos havia evitado classificar o país como uma ditadura, limitando-se a reproduzir as posições do Itamaraty e do presidente Lula (PT), seu apoiador. O integrante do PSOL já havia reconhecido que houve indícios de fraude nas últimas eleições venezuelanas e que o governo não tem legitimidade.

Como mostrou a Folha, Boulos recuou em sua posição sobre o país vizinho e sobre outros assuntos caros à esquerda quando concorreu à prefeitura neste ano. Em 2018, afirmou que “a Venezuela não é uma ditadura”. Ao longo da campanha, porém, ele adaptou seu discurso e elevou o tom.

No dia 11, em entrevista à rádio Jovem Pan, o deputado já havia afirmado que “um regime que tem eleição sem transparência e que manda prender opositores não é um regime democrático”.

No SP1, ele aproveitou as demandas sobre o tema que lhe foram dirigidas para atacar o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que é seu principal adversário e tem apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Criticou Nunes por considerar que o dia 8 de janeiro “foi só uma pequena manifestação, não foi [tentativa de] soprar”.

Em outro momento, quando questionado sobre seu nível de tolerância a greves de funcionários de empresas de ônibus como a ocorrida no ano passado, Boulos afirmou: “Não haverá greves de ônibus no meu governo”. A sua justificativa é que as greves ocorrem quando não há negociação e se ele for prefeito irá “negociar com todas as categorias e respeitar os trabalhadores”, disse.

Críticas a Nunes

O deputado do PSOL aproveitou outros temas para criticar Nunes, afirmando, por exemplo, que a sua gestão tem esquemas de fraude “em todas as áreas” e que “preferiu ajudar os seus comparsas” na área dos transportes públicos em vez de subvenções. aos funcionários que entraram em greve.

Boulos também atacou o deputado do emedebista, coronel Mello Araújo (PL), citando uma frase do ex-comandante da Rota de 2017 em que defendia tratamentos diferenciados aos policiais de bairros ricos e pobres.

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“Os moradores da periferia têm que ser tratados da mesma forma que os moradores dos Jardins”, disse Boulos, em linha contrária à antiga afirmação do adversário. Pregando uma política de segurança cidadã, o candidato do PSOL disse não ser daqueles que pensam que “os negros têm que ser tratados de forma diferente dos brancos”.



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