A resposta que Bolsonaro ainda precisa dar a Marçal

A dinâmica eleitoral que se desenrola em São Paulo revela mais do que as táticas de campanha habituais. Pablo Marçalcom suas manobras beligerantes, preenche o vácuo de liderança deixado pelo silêncio do Bolsonaro.

O comportamento tem o potencial não só de redefinir a sua própria trajetória política, que já foi a de um mero participante em busca de holofotes, mas também de pôr em causa as campanhas dos seus rivais, especialmente a de Ricardo Nunes.

A polêmica que avançava ganhou novo destaque nesta quinta-feira, 22, após uma postagem no Instagram de Bolsonaro, que elogiava os investimentos de seu governo no setor ferroviário. Marçal, numa tentativa de aproximação, fez um comentário elogiando Bolsonaro, o que indicava claramente uma tentativa de persuadi-lo. Contudo, a reação de Bolsonaro foi cortar qualquer suposição de cumplicidade com um simples “nós?”.

Essa mera pergunta não só negou a inclusão de Marçal no legado do ex-presidente, mas também desencadeou uma resposta do ex-técnico, que afirmou ter contribuído com R$ 100 mil para a campanha presidencial de Bolsonaro e ajudado em estratégias digitais, ação que o colocou sob investigação do PF.

O ato de Marçal desafia Bolsonaro e coloca em risco a coesão do bolsonarismo, daí o silêncio eloquente do ex-presidente após nova provocação publicada por Marçal. A sua postura desafiadora exige não apenas uma resposta, mas também uma reflexão profunda por parte daqueles que supervisionam a estratégia de campanha de Nunes.

A hesitação de Bolsonaro em responder às provocações revela também uma vulnerabilidade que pode ser fatal para a coesão do seu grupo político e, especialmente, para o eleitorado que agora se vê diante de um novo atirador no campo político.

Análises recentes mostram um crescimento notável de Marçal entre os eleitores anteriormente alinhados com Nunes, destacando uma possível reconfiguração das lealdades políticas em São Paulo. Esse avanço não só complica a corrida eleitoral, mas sinaliza uma erosão significativa na base de apoio de Nunes, enfatizando a eficácia da estratégia de Marçal e aumentando a pressão sobre Bolsonaro para reagir e não correr o risco de perder a prefeitura mais importante do país para um adversário natural. neste caso Guilherme Boulos. E principalmente para não ser superado por alguém da sua corrente política.

As polêmicas envolvendo Marçal e o PRTB acrescentam uma camada de incerteza e desconfiança no futuro próximo das eleições. As acusações envolvendo troca de carros de luxo por cocaína e envolvimento em fraudes imobiliárias minam profundamente a integridade de Marçal e de seu círculo próximo, na cúpula do PRTB.

O procurar Atlas mostra ainda que a estratégia dos adversários de abandonar os debates para não dar mais uma etapa a Marçal não parece estar dando bons resultados até o momento. Ainda não se sabe como esta dinâmica complexa e tensa se irá desenrolar.